
Você já parou para pensar que milhares de jovens e adultos no Brasil ainda não conseguiram concluir seus estudos básicos? E que, entre eles, muitos também enfrentam desafios de inclusão por causa de deficiência, transtornos de aprendizagem ou barreiras sociais? O EJA (Educação de Jovens e Adultos) é a porta de entrada para quem não teve a oportunidade de estudar na idade certa. Mas, para ser realmente inclusivo, precisa de estratégias inovadoras, e é aqui que a tecnologia e a inteligência artificial (IA) podem fazer toda a diferença.
O que é o EJA e por que ele é tão importante
O EJA é uma modalidade de ensino criada para garantir o direito à educação a pessoas que, por diferentes motivos, não concluíram a educação básica na infância ou adolescência. Mais do que um espaço de aprendizagem, o EJA representa justiça social e cidadania.
Concluir o EJA abre portas para:
- continuar os estudos em cursos técnicos ou graduações;
- conquistar melhores oportunidades de emprego;
- aumentar a autoestima e o sentimento de pertencimento.
Quando o EJA se torna inclusivo, ele deixa de ser apenas uma chance de “recuperar o tempo perdido” e se transforma em um espaço de transformação de vidas.
Inclusão no EJA: quem são os alunos
A diversidade é a marca registrada do EJA. Entre os estudantes, encontramos:
- Pessoas com deficiência que não tiveram acesso ao ensino regular ou foram excluídas precocemente.
- Jovens e adultos neurodivergentes, como aqueles com TEA, TDAH ou dislexia, que enfrentaram barreiras na escola tradicional.
- Trabalhadores que carregam dificuldades de aprendizagem e precisam de apoio diferenciado para avançar.
- Pessoas em situação de vulnerabilidade social, para quem a escola também representa acolhimento e proteção.
Cada história traz consigo não apenas desafios, mas também a oportunidade de construir uma sociedade mais justa.
Os desafios da inclusão no EJA
Apesar de sua relevância, a inclusão no EJA ainda enfrenta barreiras:
- Formação insuficiente dos professores sobre educação inclusiva em contextos adultos.
- Escassez de materiais adaptados: a maioria dos recursos inclusivos disponíveis tem foco infantil, o que gera desconforto para alunos adultos.
- Preconceito e autoconceito: muitos estudantes se enxergam como “incapazes” ou carregam experiências dolorosas de exclusão escolar.
- Infraestrutura precária, sem salas de recursos adequadas ou acessibilidade plena.
Esses obstáculos tornam urgente repensar as práticas no EJA e investir em soluções inovadoras.
Oportunidades com tecnologia e inteligência artificial
A tecnologia, especialmente a IA, abre caminhos inéditos para apoiar a inclusão no EJA.
IA como apoio ao professor
- Geração de materiais adaptados rapidamente (ex.: simplificar textos longos em versões acessíveis).
- Criação de exercícios contextualizados com a realidade dos alunos.
- Sugestões de atividades interativas que respeitam diferentes estilos de aprendizagem.
Tecnologias assistivas
- Leitores de tela e softwares de voz para pessoas com deficiência visual.
- Aplicativos que ajudam na organização da rotina de alunos com TDAH.
- Tradutores automáticos e recursos de acessibilidade digital.
Exemplos práticos
- Alfabetização funcional: usar IA para gerar atividades com base em situações do dia a dia, como interpretar contas de água e luz ou ler rótulos de medicamentos.
- Matemática aplicada: criar exercícios de cálculo de orçamento doméstico, compras em supermercado ou planejamento de despesas.
Esses recursos tornam o aprendizado mais próximo da vida real e valorizam a experiência do aluno adulto.
O papel do PEI no EJA
Assim como na educação básica, o Plano Educacional Individualizado (PEI) pode ser aplicado ao EJA. Ele garante que o percurso de aprendizagem seja pensado de forma personalizada, respeitando o ritmo e as necessidades do estudante.
Com a IA, o professor pode inclusive receber apoio para estruturar o PEI, sugerindo objetivos, estratégias e recursos adaptados em segundos. Isso torna o processo mais ágil e eficaz.
Caminhos para o futuro
Investir em inclusão no EJA significa apostar em um futuro mais justo e humano. Cada aluno que conclui seus estudos abre a possibilidade de:
- ingressar em uma graduação,
- buscar um curso técnico,
- ou até mesmo transformar sua condição de vida por meio da educação.
Para isso, é preciso que gestores, professores, famílias e a sociedade reconheçam que nunca é tarde para aprender, e nunca é tarde para incluir.
Conclusão
O EJA é uma das formas mais poderosas de garantir que ninguém fique para trás. Com apoio da tecnologia e da inteligência artificial, podemos tornar esse espaço ainda mais acessível e acolhedor para jovens e adultos com deficiência ou dificuldades de aprendizagem.
Se você é educador, pense no impacto que pode gerar ao adaptar suas práticas para o universo inclusivo do EJA. Pequenas mudanças podem abrir grandes caminhos.
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Referências
- Brasil. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996).
- Brasil. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).
- MEC – Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
- UNESCO. Relatório Global sobre Aprendizagem e Educação de Adultos (GRALE). Disponível em: https://unesdoc.unesco.org
- UNESCO. Educação Inclusiva: o caminho para o futuro.
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