Publicado em: 30 de outubro de 2025
Categoria: Educação Especial e AEE | Políticas Públicas | Tecnologia e Inclusão
Leitura: 7 minutos

Avanço, retrocesso ou novo chamado à consciência?
Desde que o Decreto nº 12.686/2025 foi publicado, em 20 de outubro, o tema tem gerado debates intensos entre famílias, educadores e instituições.
Enquanto alguns enxergam avanço, outros temem um retrocesso nas conquistas da educação inclusiva.
Mas e se, em vez de escolher um lado, nós olhássemos mais profundamente?
Este artigo propõe um olhar consciente, técnico e humano, para compreender o que realmente muda, e como podemos transformar o decreto em prática viva, com apoio da Inteligência Artificial (IA) e do coração de quem faz a inclusão acontecer todos os dias.
🟣 1. O que diz a nova Política Nacional de Educação Especial Inclusiva (PNEEI)
A nova PNEEI busca garantir o direito à educação em um sistema educacional inclusivo para:
- estudantes com deficiência;
- estudantes com transtorno do espectro autista (TEA);
- e estudantes com altas habilidades ou superdotação.
O artigo 1º, §2º estabelece que o estudante com TEA é reconhecido como pessoa com deficiência para os efeitos dessa política.
E o artigo 2º define princípios como:
“a diversidade humana como valor a ser reconhecido e promovido”
e o “combate, no contexto educacional, ao capacitismo e à discriminação em todas as suas formas.”
Esses trechos deixam claro: a inclusão deve ser transversal e equitativa, presente em todas as etapas do ensino, com foco na singularidade do estudante, e não apenas em sua condição.
🟢 2. Como ficam as APAEs, ONGs e Centros de Inclusão
O decreto não extingue essas instituições, mas redireciona sua função social.
Agora, elas se tornam parceiras ativas do sistema regular de ensino, contribuindo para o fortalecimento do AEE e da formação docente.
Na prática, passam a atuar como:
- 🧩 Centros de apoio técnico-pedagógico e formativo;
- 💻 Núcleos de tecnologia assistiva e acessibilidade digital;
- 🤝 Parceiras na criação de PEIs colaborativos;
- 📚 Produtoras de materiais acessíveis e experiências modelo de AEE.
Essas instituições deixam de ser “alternativas” e passam a ser pilares da rede inclusiva, fortalecendo a articulação entre escola, família e comunidade.
🔵 3. O que muda para as escolas e professores
O decreto inaugura uma nova fase: a da corresponsabilidade inclusiva.
Cada escola deve incorporar a educação especial como parte essencial do currículo, da cultura institucional e da formação continuada.
As principais ações esperadas são:
- Inserir o tema da inclusão em todas as etapas e modalidades de ensino;
- Construir PEIs colaborativos com a equipe multidisciplinar;
- Garantir avaliações adaptadas e acessíveis;
- Promover formação continuada em práticas inclusivas e anticapacitistas;
- Adotar uma visão proativa: identificar barreiras, adaptar estratégias e fortalecer vínculos.
O professor torna-se agente de transformação, não apenas executor.
E é nesse ponto que a IA surge como ferramenta de apoio e inteligência pedagógica.
🤖 4. A Inteligência Artificial como aliada da nova inclusão
“A Inteligência Artificial não substitui o professor: ela amplia sua capacidade de incluir.”
O decreto menciona o incentivo ao uso de tecnologias assistivas e recursos de acessibilidade digital, o que abre espaço para a IA aplicada à educação inclusiva.
Quando bem orientada, ela se torna uma poderosa aliada para:
- Elaborar planos de aula adaptados conforme o PEI;
- Sugerir estratégias personalizadas para alunos com TEA, TDAH, deficiência intelectual e altas habilidades;
- Criar recursos multimodais acessíveis (textos, áudios, vídeos, jogos);
- Fortalecer o vínculo entre escola e família, com registros e comunicações mais empáticas.
💠 A proposta da IA Inclusiva na Prática nasce justamente nesse ponto de interseção:
usar a tecnologia como ferramenta de humanização, que dá voz, visibilidade e oportunidade a quem mais precisa.
💬 5. Termos corretos e linguagem inclusiva
O decreto reforça valores como diversidade humana, igualdade de oportunidades e combate ao capacitismo.
Esses princípios sustentam uma linguagem centrada na pessoa, que representa com respeito e clareza cada sujeito da educação inclusiva.
| Use | Evite |
|---|---|
| Pessoa com deficiência | Portador de deficiência |
| Estudante com TEA | Criança especial |
| Pessoa neurodivergente | Pessoa anormal |
| Público-alvo da Educação Especial (PAEE) | Necessidades especiais |
Falar corretamente é um ato político e pedagógico.
A linguagem constrói pertencimento e traduz a sociedade que queremos formar.
🌈 6. Conclusão inspiradora
O Decreto 12.686/2025 é mais que uma norma: é um espelho da nossa maturidade coletiva.
Ele nos lembra que inclusão não é favor, é direito, e que nenhuma política ganha força se não encontrar eco em quem a executa com consciência e amor.
“A inclusão não se constrói apenas com leis, mas com palavras, atitudes e tecnologias que valorizam a singularidade humana.”
Cada vez que um educador utiliza a IA para compreender melhor um aluno, adaptar uma atividade ou oferecer uma experiência significativa, a política deixa de ser papel e se torna prática viva.
💎Reflexão final: inclusão, consciência e tecnologia
A verdade é que nenhum decreto transforma a educação se não houver consciência em quem a faz acontecer.
O sistema pode desenhar políticas perfeitas, mas a mudança começa no olhar do professor, no gesto da família e na escuta sensível da escola.
A IA Inclusiva na Prática existe para fortalecer justamente essa consciência, ampliando o alcance da empatia com o poder da tecnologia.
Porque a inclusão não é decretada: ela é vivida, construída e multiplicada por quem acredita que o conhecimento é a maior forma de acessibilidade.
E enquanto muitos discutem se o decreto é avanço ou retrocesso, nós escolhemos continuar ensinando com amor, inteligência e propósito, é assim que a educação inclusiva se torna real.
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📘 Disponível em IA Inclusiva na Prática.
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📚 Referências
BRASIL. Decreto nº 12.686, de 20 de outubro de 2025. Institui a Política Nacional de Educação Especial Inclusiva e a Rede Nacional de Educação Especial Inclusiva. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 out. 2025.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 jul. 2015.
BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.
UNESCO. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Salamanca: UNESCO, 1994.
UNESCO. Educação 2030: Declaração de Incheon e Marco de Ação para a implementação do ODS 4. Paris: UNESCO, 2015.
COELHO, Aline. Inclusão com Inteligência: Guia gratuito com IA para professores iniciantes. IA Inclusiva na Prática, 2024.
COELHO, Aline. Guia Oficial IA Inclusiva na Prática: Tom de Voz e Estrutura Editorial. IA Inclusiva na Prática, 2025.
COELHO, Aline. Planos de Aula Inclusivos – Volume 1. IA Inclusiva na Prática, 2025.


Boa tarde! Com todo respeito , não é sobre IA , mas sobre a forma como o decreto foi apresentado. Infelizmente vai haver retrocesso se não houver mudanças. Ouçam os grandes neurologistas e educadores. A questão do laudo, da falta de estudo necessário, tantas questões…. Meu Deus!!! Um verdadeiro absurdo!
Olá, Cibele! 💜
Agradeço profundamente por compartilhar sua percepção, é justamente por meio de trocas como essa que a inclusão se fortalece e evolui.
De fato, o decreto traz muitos pontos que ainda precisam ser discutidos e ajustados na prática. O artigo não busca negar os desafios, mas ampliar o olhar para que o debate vá além da crítica e também alcance as possibilidades de avanço que a política pode gerar quando implementada com consciência, formação e diálogo.
Concordo que sem mudanças estruturais, capacitação e escuta ativa dos profissionais da área, o risco de retrocesso existe, sim. Mas acredito que a informação e a tecnologia com propósito humano podem ser ferramentas para transformar políticas públicas em ações reais dentro das escolas.
A IA Inclusiva na Prática nasceu exatamente com esse propósito: unir o olhar pedagógico, ético e humano com os recursos tecnológicos que podem apoiar professores e fortalecer o direito à educação inclusiva.
Obrigada pela contribuição! Seguimos aprendendo juntas, com empatia, respeito e o compromisso de construir uma inclusão que seja realmente viva e acessível para todos.
Se desejar, compartilhe aqui suas sugestões ou experiências sobre o tema, sua visão pode ajudar outros educadores que estão buscando compreender melhor esse cenário também.